
"A maior faculdade que nossa mente possui é,
talvez, a capacidade de lidar com a dor. O pensamento clássico nos
ensina sobre as quatro portas da mente, e cada um cruza de acordo com
sua necessidade.
Primeiro, existe a porta do sono. O sono nos oferece uma retirada do
mundo e de todo sofrimento que há nele. Marca a passagem do tempo,
dando-nos um distanciamento das coisas que nos magoaram. Quando uma
pessoa é ferida, é comum ficar inconsciente. Do mesmo modo, quem ouve
uma notícia dramática comumente tem uma vertigem ou desfalece. É a
maneira de a mente se proteger da dor, cruzando a primeira porta.
Segundo, existe a porta do esquecimento. Algumas feridas são
profundas demais para cicatrizar depressa. Além disso, muitas lembranças
são simplesmente dolorosas e não há cura alguma a realizar. O provérbio
“O tempo cura todas as feridas” é falso. O tempo cura a maioria das
feridas. As demais ficam escondidas atrás dessa porta.
Terceiro, existe a porta da loucura. Há momentos em que a mente
recebe um golpe tão violento que se esconde atrás da insanidade. Ainda
que isso não pareça benéfico, é. Há ocasiões em que a realidade não é
nada além do penar, e, para fugir desse penar, a mente precisa deixá-la
para trás.
Por último, existe a porta da morte. O último recurso. Nada pode ferir-nos depois de morrermos, ou assim nos disseram…”
Patrick Rothfuss, O Nome do Vento - pg. 124
Oi indiquei seu blog para um selo
ResponderExcluirhttp://variedadesdecoisasparagarotas.blogspot.com.br/2012/12/selinho-recebido.html